sábado, 6 de julho de 2013

Cinco anos...Vida longa ao rei!

      O tempo, realmente, corre rápido demais. Quando a gente percebe, 24 horas tornaram-se 24 meses, e muito do que se planejou se perdeu. Mas, os dias continuam, um após o outro, independente do que aconteça, da dor ou da alegria. As dores, as guardamos. Melhor que cultivemos as alegrias, apesar de que as dores ensinem muito mais! 
       Arthur. Independente das dores, dos sustos, a grande alegria. Cinco fevereiros vieram e se foram, e o Arthur continua aqui, lutador e corajoso. Completou cinco anos, dentro do Hospital de Clínicas. Ficou 21 dias, lá. Teve Pneumonia, supõe-se que por aspiração. A Xênia ficou direto, lá com ele e a vovó (eu!), ia quase que diariamente. Mas, nos aniversário dele, estávamos todos com ele. Os médicos liberaram as visitas pra ele, todas juntas. O dindo, A Ana, a dinda, a bisa, a Rose, a Gabi, a vovó e, claro a mamãe dele, ficamos todos juntos, numa ante-sala, e a cama dele estava toda enfeitada, com cartaz feito pelas enfermeiras e balões. Um belo dia, ele resolveu que já estava cansado de estar no hospital e deixou bem claro pra todos que queria vir pra casa. E quando teve alta, só ele queria rir e bater palmas. Foi o sucesso dentro do hospital! Num dia de muita chuva, que alagou toda Porto Alegre, em que os carros não andavam e, sim, navegavam, o Arthur iluminava a cidade inteira!




Nos entende a todos, e de um jeito ou de outro, acaba por fazer com que o entendamos. Eventualmente, chama pela " mã...eee" ; 'v óóó ( sendo que o som do v também é longo). Detesta o cheiro do próprio cocô, desde bem pequeno, mas agora aprendeu a fazer vômito, virar de bruços e esconder o rosto (nariz) no travesseiro, e dá risadas quando a gente percebe e conversa com ele sobre o assunto, enquanto  troca as fraldas dele. Ainda não gosta de luz acesa para dormir, mas também não fica no escuro quando está acordado! Ama passear de carro, mas detesta quando o carro pára, por exemplo, na sinaleira! Também gosta de correr, quando está na cadeira de rodas dele, passeando com o dindo (Igor). Mesmo dormindo, é capaz de sorrir quando ouve a voz de alguém que ele ama ( como a dinda dele, por exemplo), mas também é capaz de choros e gritos ferozes se algo o tirar do sério ( o que é raro!). Ele inventa brincadeiras e nos mostra como quer brincar...Às vezes, é bem cansativo! Ele está bem grande, embora não seja gordo! Tem as mãos lindas, os dedos de pianista, longos, e olhos, que brilham como nenhum outro! Aliás, não sei como consegue transmitir tanta coisa através daquele olhar, mas não entende quem não quiser!
    Arthur. Fala como um bebê, mas conta tudo e canta todas as músicas que gosta! Aliás, ele gosta até de música que nós não gostamos. Por exemplo, aquela do "lec-lec": ele pula , bate palmas e dá risadas! É um direito dele, né? É doido por Rock, por som de muitas vozes falando ao mesmo tempo, de risadas. Adora chocolates, e tem os preferidos.
    Arthur. Que conseguiu uma vaga na creche, pra que tivesse contato com outras crianças. Inicialmente, uma hora por dia, uma vez por semana...Direitos? - Sim! Todos temos todos! E, em algum momento,  falarei sobre isso. O que o Arthur precisava era de contato com outras crianças, ainda que ele não brinque como elas. Ele precisava e precisa, do som que elas fazem! Permanecer sozinho dentro de uma sala com outro adulto, ele já faz: - Ele faz terapia ocupacional ( com um adulto!), ele faz fisioterapia (com um adulto!), ele mora somente com adultos...O que ele precisa é de alguém que apenas supervisione pra que ele não seja derrubado da própria cadeira de rodas; pra que não seja machucado sem querer pelas outras crianças, já que ele não vai derrubar ou machucar alguém. Mas, não é assim que funciona! Luzinhas nos olhos, é trabalho pra oftalmologista; ginástica, pra fisioterapeuta, no caso dele, e ninguém tem o direito de dizer o que ele TEM que fazer ou não! Resultado: Não vai mais pra creche! Ele ri e brinca muito mais em casa!
   Arthur. Ninguém é mais amado do que ele e ele retribui este amor como ninguém! Ele conforta e consola, anima e fortalece. Acho até que ele veio pra nos dar mais vida, ou mais cor às nossas vidas! Muitas outras coisas permeiam nossas caminhadas, são diversas flores e tantas outras pedras, estas por demais pesadas, às vezes. E, o Arthur, sem que o saiba ou talvez sabendo, se torna nosso alento, nossa sombra preciosa, quando todo o resto parece insuportável! Qualquer um de nós seria hipócrita dizendo que não o desejaria igual a qualquer outra criança. Principalmente, por ele mesmo. Entretanto, não sei se a felicidade por cada sorriso dele seria a mesma, não fosse ele quem e como é! Não há nada que o defina ou que supere o seu valor. Todo o ouro do mundo não teria o valor que este passarinho vale. Amo, e mesmo estas três letrinhas, parecem ínfimas diante do que sinto por ele, do que sentimos por ele. E, assim, vamos vivendo, cuidando do Arthur tal como se fosse ele a flor mais delicada do planeta, torcendo por ele, querendo-o a cada dia mais do que ao anterior.


Nenhum comentário:

Postar um comentário