domingo, 13 de dezembro de 2009




O Arthur é a maior e melhor surpresa de nossas vidas.Não existem palavras fortes o suficiente para exprimir o que sentimos por ele ou o que eu seria capaz de fazer para a tranquilidade ,alegria e conforto dele.
Muitas coisas passam pela cabeça da gente.Às vezes,não sabemos o que esperar,a quem recorrer...até mesmo a esperança,por vezes,parece não inútil que nos perguntamos : - Por que estou aqui? No entanto,os dias passam e nesse passar,às vezes tão lento,descobrimos que estamos aqui para momentos que apagam qualquer tristeza ,para descobrirmos o quanto podemos ser fortes e para a maior recompensa :-Puro amor retribuído !
O Arthur...como explicar? Ele não sabe dar um beijinho,um abraço ou fazer "bichinho",mas é puro amor,pura meiguice.Do jeitinho dele,ele retribui cada beijo,cada carinho...Um milhão de beijos não valem aquela encostadinha de lábios com que ,eventualmente,ele me presenteia.Dia chegará em que seus beijinhos estalarão...ele adora bbeijos estalados!!!

domingo, 27 de setembro de 2009


O Arthur...Ele é a perfeição personificada em forma de gente!! Ele é lindo,esperto,inteligente,forte (fisicamente falando),e tem opinião sobre tudo aquilo que ele conhece.Agora,decidiu que não quer mais tomar os remédios...é uma briga feroz,já que ele precisa tomá-los!
Um ano e sete meses.Este menino continua surpreendendo os médicos! E vai surpreender muito mais,tenho certeza!
Já comentei que ele tem uma maneira específica para chamar cada um de nós,né? Ele avisa se fez cocô,se está com fome...e ele é ciumento!! Quer todas as atenções pra ele...Mas,a grande notícia é : ELE FALOU " VÓ" !!!!!!! E eu nem estava em casa!!!! Fiquei sabendo por telefone!!Ele estava me chamando!! Putz! Eu quis voltar pra casa no mesmo instante...mas,estava trabalhando.A Xênia e o Igor explicaram isto pra ele.Acreditamos que ele tenha entendido,pois parou com a gritaria.Depois do primeiro momento,fiquei pensando "será que foi isto mesmo que ele disse?". Somente no outro dia,pude ter certeza: -Ele me chamou denovo!!! Simplesmente,não tenho palavras para explicar o que senti!!! O sonho mais lindo da minha vida,o bem mais precioso...VÓÓÓÓÓÓ!! É assim que ele me chama! E tenho muito orgulho de já não ser a " Tania,filha da Lorena",ou a " Tania,mãe do Igor e da Xênia",de ser APENAS a vó do Arthur!Não troco esta atribuição por nenhuma outra!
Se ser avó é sinal de que a "velhíce" está chegando,que venha a velhíce!!
Fui criança,adolescente,adulta...Na verdade,chego a meio século acreditando que ainda sou criança!Não perdi a fé,a esperança,a ilusão,o dom de sonhar!Nem perderei jamais! Meu neto me fez chorar? Sim! Mas,valeu cada lágrima de preocupação e dor pelas lágrimas de alegria no momento em que eu ouvi ele chamar VÓÓÓÓÓÓÓ!!!!!
Quer saber? Aparentemente não tenho nada.E na verdade,tenho tudo! O Arthur é a prova viva de que a vida me deu tudo o que eu desejei.
Qualquer dia ,eu volto.E vou continuar dizendo que a vida é perfeita,que a dor apenas vem nos ensinar a dar valor a pequenas alegrias!

sábado, 20 de junho de 2009

Um dia após o outro


Todas as novas situações trazem sobressaltos.Com o Arthur,não foi diferente do que seria com um bebê sem problemas.Foi,apenas,mais assustador!Cada tremidinha,até mesmo um simples espirro podia nos assustar! A Xênia,mais acostumada,sabe ainda quando tem que correr ou não,para o hospital...Mãe é mãe,né? A gente,vó,se deixa levar pelo receio! Mas,ele tem surpreendido os médicos.Ao longo de sua vidinha,ele tem progredido muito.Óbvio,tem suas limitações.Seus desenvolvimento não é compatível com a idade ,um ano e quatro meses,mas deixou os piores prognósticos para trás.Ele reconhece as pessoas,sabe de quem gosta e de quem não gosta;tem seus brinquedos favoritos;adora bagunça,sair pra rua;andar de carro...e é teimoso! Quando não quer algo,não quer e pronto!Não fala,ainda,mas tem uma expressão para chamar cada um de nós;outra,para avisar que fez cocô e assim por diante;pelo ritmo da gritaria,a gente sabe qual a música que ele tenta cantar...Pode ser nossa imaginação? Pode.Mas,eu duvido.Se a gente cantar a música que pensamos estar ele cantando,ele dá uma risada e bate as mãozinhas uma na outra!

Hoje,já não me desespero ao sair de cada consulta do Arthur.Não sei se me acostumei a ouví-los falar que provavelmente o Arthur não vai andar,não vai falar,não vai isto ou aquilo...ou se,afinal,me entreguei à cada dia que chega,um após o outro,vibrando com cada sorriso dele,com a alegria dele...Claro,não é tão fácil assim,mas já foi mais difícil.As situações com as quais nos deparamos,no hospital por exemplo,são terríveis,chocam,desanimam;fazem com que a gente sinta pavor do futuro.Mas,o futuro nos chega a cada dia e cada dia tem sido uma surpresa maravilhosa!Sabemos que as possibilidades do Arthur não são tão grandes quanto gostaríamos,no entanto,são bem maiores do que o esperado.E cada vitória dele,por menor que seja,significa uma vitória a ser comemorada.

Não vai ser fácil? -Não,não vai ser fácil! Mas,não é só de remédios que esta e outras pessoinhas na mesma situação,necessitam.Não basta apenas ouvir os médicos e procurar um lugar para esconder-se da situação e de outras pessoas.Estas pessoas pequenas precisam de carinho,muito mais amor do que qualquer outra,de estímulo,de se saberem tão importantes ,em seu lugar no mundo,quanto outra qualquer.Afinal,acredito que o que elas tem para ensinar seja bem mais do que temos nós,tão iguais,egoístas e prepotentes.Talvez por isto,por serem eles diferentes,no sentido de melhores,elas sejam especiais!Quem sabe,talvez o preconceito que existe,embora negado por todos,não seja apenas o medo das pessoas de acabarem descobrindo o quão insignificantes somos...Afinal,a tendência que temos mais forte,talvez,é a de nos afastarmos daquilo que nos assusta,que não entendemos ...Tememos a verdade,preferindo muitas vezes a mentira...Juntemos tudo,e temos o preconceito!No caso das crianças especiais,temer o quê? -Simples :-Descobrir que não somos capazes de acompanhá-las,de entendê-las...o que significa que não somos tão "inteligentes" quanto pensávamos até então;que,afinal,nossa capacidade intelectual,nossos conhecimentos e grandes experiências ao longo da vida,não valem nada! Descobrir que a generosidade para com o próximo,que alardeamos aos quatro cantos;que o amor que gritamos ser capazes de oferecer a qualquer um,em qualquer lugar ou situação,é apenas uma fraude em que acreditamos a vida inteira!Descobrir que ,afinal,não somos mais que uma caixa quase vazia...Sim,quase.Pois ,dentro dela existe ainda um punhado de palavras que a menor brisa carrega!


terça-feira, 16 de junho de 2009

Síndrome de West


Nem sempre gostamos da chuva.Mas,ela é necessária à vida! Nem sempre gostamos do Sol.Mas,ele ilumina nossos dias! Às vezes,tememos a noite.Mas,a Lua e as estrelas são lindas! Também ,assim,é a vida.Ela não é feita somente de alegrias e prazeres.Desde que nascemos ,a expectativa é de que tudo ,sempre,será perfeito ou,pelo menos,próximo da perfeição.Certas situações,jamais passam por nossa imaginação.Afinal,até aqui, foi relativamente fácil.No entanto,um dia,o inesperado,o inimaginável entra por nossa porta,sem pedir licença.E nem sabemos o que pensar,o que dizer ou o que esperar.
Nunca imaginamos que o que aconteceu com o Arthur pudesse acontecer.Ninguém quer este tipo de situação na sua família.Nos indignamos com casos conhecidos ,onde o preconceito (negado por todos), apenas torna a dor de cada um um fardo quase insuportável.Tentamos evitar a piedade,tentamos disfarçar o medo,e de preferência,evitamos tais situações.Mas,quando acontece com a gente,descobrimos o lado da moeda que desconhecemos e,que outros já conhecem tão bem!
Ainda não sabíamos qual o verdadeiro problema do Arthur.Conhecíamos apenas o lado mais negro das hipóteses médicas.Mas,apesar da dor que sabe doer como nenhuma outra,eu estava armada até os dentes.Porém,embora acreditasse estar preparada para brigar com o mundo se preciso fosse,pelo bem-estar do Arthur, eu estava muito fragilizada,quebrada mesmo.A Xênia,sequer aceitava falar sobre o assunto.Isto,me deixava pior.Eu pensava que ela tinha que encarar a situação,fugir dela só a faria pior.E eu não sabia como agir.Então,chegou um momento em que ela mesma concluiu que precisava de ajuda especializada.Teve,melhorou e abandonou.Mas,serviu para que ela aceitasse o fato do Arthur ter problemas.
Mais ou menos seis meses se passaram .Inúmeras idas e vindas ao Clínicas e ao Hospital do Município.Então,veio o resultado de um eletroencefalograma : -Síndrome de West ! E a pergunta
" O que é isto,Doutor?" O médico,lá do alto de seu pedestal ,respondeu " é um tipo de Epilepsia!".Hummm!! Interessante! Respondeu,não explicou nada e satisfez menos ainda!
Eles,os médicos,devem ter razão,né? Por que perder tempo em explicar para pessoas que não tem conhecimento nenhum de medicina? Eles falam o mínimo,ordenam o que querem e a gente acata,sem ter a menor idéia do quê,ou porquê.Fazemos por acreditar que é pelo bem daquele a quem amamos!
Nesta altura,o Arthur já estava fazendo terapia ocupacional com estimulação precoce e fisioterapia também.Sabendo-se o nome do problema,tornou-se mais fácil para os profissionais programarem as atividades para ele,atividades mais específicas...Conversei com tantos médicos quanto pude (trabalho numa Unidade de Saúde Mental),pesquisei na Internet...O problema é grave,mas não tanto quanto parecia.

domingo, 14 de junho de 2009

Doenças cerebrais


Segundo a neurologista,o Arthur "provavelmente" teria uma doença degenerativa do cérebro."Provavelmente,seria cego,surdo e mudo. " Provavelmente" teria um enrigecimento dos seus músculos e " provavelmente" iria tornar-se vegetativo.Ela deve ter dito tudo isto para a Xênia.Mas,eu só fiquei sabendo destes detalhes quando a Xênia não pode levá-lo a primeira consulta depois da alta, e eu levei!
Dizer que quis morrer naquele momento,não seria dizer o que senti.Apertei meu gurizinho contra o meu corpo,queria tirá-lo dali,talvez fugir,protegê-lo,livrá-lo de tudo aquilo,fazer alguma coisa,qualquer coisa...Nada! Eu não podia fazer nada!
Chegando em casa,contei pra Xênia,claro.Hoje,imagino que ela já tivesse ouvido tudo aquilo.Mas,na época,não pensei que ela soubesse.Lembro que ela ficou furiosa,chamou a médica de mentirosa,que ela não poderia ter dito aquilo tudo pra mim...Pensei que talvez a Xênia estivesse tentando fugir da realidade.Quem sabe? Motivos ela tinha de sobra!
Quando o Arthur nasceu,eu tinha férias vencidas e licença-prêmio de três meses,que reservei justamente para quando ele chegasse.Por isso,eu podia estar com a Xênia.Logo depois da alta dele,chegávamos a ir no Clínicas quatro ,cinco vezes por semana.Teve uma semana que a gente não foi na quinta-feira porque era feriado,mas fomos no sábado!
E as dúvidas continuavam!
Novos exames.Novas entrevistas.Investigamos na família...nada!
Nestas alturas,vieram resultados de alguns exames : - O Arthur não é cego,não é surdo e nem mudo!!! Graças a Deus!

A Tomografia e o prognóstico

O Arthur ficou seis dias no Hospital de Cachoeirinha.Foi transferido para o Hospital de Clínicas,onde ficou um mês e oito dias.Foi o pior período de nossas vidas!Lá,ele também ficou na UTI Neonatal ,mas eu podia vê-lo todos os dias.
Além da dor de ver alguém que a gente ama sofrendo dentro de um hospital,ainda existe a dor de acompanhar dores,às vezes,muito maiores do que a nossa;a Morte andando ao nosso lado,literalmente;ouvir risos que se mesclam às lágrimas...Eu não ficava o tempo todo lá,mas a Xênia,sim!E,simplesmente,não sabíamos o que esperar,nem o porque do Arthur estar ali.
Sinceramente,não sei se eu suportaria passar pelo que a Xênia passou.Ela foi muito forte,muito corajosa,guerreira...lutou sem saber contra o que lutava,discutiu com os médicos sem saber do que eles falavam...Ela foi uma verdadeira leoa defendendo seu filhote!De tudo,desde o mais simples remédio até o mais complexo procedimento,ela queria explicações,e as tinha.Ainda não sabíamos a origem do problema (e não sabemos até hoje!),mas já podíamos entender o que era dito e o que poderíamos esperar.
O Arthur passou por todos os tipos de exames,desde o mais simples até o mais complexo,na pediatria,na genética e na neurologia.Tudo normal,negativo pra isto,negativo pra outro.Então,veio a tal Tomografia.Resultado : - Três lesões no cérebro!Segundo os médicos,poderiam ser calcificações,cicatrizes,etc.,etc...Por quê ?Causadas pelo quê? Ninguém sabia!Mas, as hipóteses começaram,nada animadoras!
Depois de um mês e catorze dias,finalmente o Arthur voltaria para casa!
Não tínhamos nenhuma certeza.Nem sobre o que acontecera,nem sobre o que poderia acontecer.Sabíamos apenas que ele tinha algum tipo de Epilepsia.De resto,palvras sombrias.
Quando a neurologista falou com a Xênia a respeito da alta,disse :"- Estamos liberando o Arthur porque tudo o que tínhamos para fazer,foi feito;não há mais nada a fazer por ele!"
Sinceramente,não entendo nada de Medicina,não estudei para isto.Mas,embora reconhecendo que um médico precisa ser sincero quanto às condições de um paciente,ele não precisa beirar a crueldade.Ela foi cruel.Poderia ter falado de outra maneira,por exemplo,dizendo que fizeram tudo o que poderia ser feito dentro do hospital e que a continuidade do tratamento poderia ser feito em casa.Pronto.Simples.A Xênia passou mal,precisou ser atendida até por psicólogo!
O mundo está muito moderno.As coisas mudaram muito desde que a minha vó deu à luz ,minha mãe.Mas,embora possa parecer antiquada (e eu sou mesmo!),algumas coisas não mudam.Meu avô costumava dizer que mulheres ganham filhos todos os dias,que não é uma coisa de outro mundo.Mas,que no entanto,naquele período,elas estão "com um pé lá,e outro cá".Concordo que não lavar os cabelos por trinta ou quarenta dias,é loucura total.Mas,a Xênia,desde que teve o Arthur, passou por maus momentos.É muito difícil para um médico,sabendo disto,conter um pouquinho suas palavras?

sábado, 13 de junho de 2009

A Angústia


Na quinta-feira,pela manhã,eu estranhei a cor do Arthur.Telefonei para a Unidade de Saúde onde já trabalhara (naquele dia,haveria atendimento pediátrico) e pedi para minha colega guardar um horário para o Arthur.Claro que vieram as brincadeiras de praxe...Avisei a Xênia, que estava saindo do banho.Ela pegou o Arthur para amamentá-lo e ,de repente,começou a gritar que estava aconctecendo algo errado e que o estava levando à Unidade de Saúde quase em frente à nossa casa.Eu saí correndo atrás dela,mas quando cheguei ao Posto,eles não estavam mais: -foram levados ,no mesmo instante,para a emergência do hospital de Cachoeirinha,que é onde moramos.O Arthur estava cianótico! Voltei em casa,peguei os documentos da Xênia,a papelada da Maternidade,liguei para o pai da Xênia e para o pai do Arthur,e voamos para o hospital.Chegando lá,a minha filha chorando desesperadamente...Me apavorei!!Mas,ele estava sendo atendindo na UTI Neonatal; fora entubado porque não respirava sozinho...Não entendíamos o que estava acontecendo com ele.O Pediatra ,na Maternidade,não dissera que estava tudo bem?E ,mais de uma vez!
Por que a gente não nasce sabendo um pouco de tudo? Se de médico e louco todos temos um pouco,porque o médico não se sobressai num momento tão urgente,tão grave? Talvez,se como fez a enfermeira na Maternidade eu tivesse dado outra mamadeira pra ele...quem sabe?
Durante o dia,eu ficava com a Xênia no hospital.Mas,não podia ver o Arthur.Somente ela podia entrar e permenecer na UTI.Naqueles dias,descobri que vó não pode muita coisa!!
Os médicos não explicavam muita coisa e o pouco que falavam,a Xênia não entendia muito bem;ela me contava e eu também não entendia quase nada
Meu celular tocava sem parar.Eu não sabia explicar nada além do fato dele estar entubado! Ninguém dizia o quê,por quê...Uma colega falou :-" Tania,liga para a Drª Denise!".Foi a minha luz! A Drª Denise é a pediatra do Posto de Saúde onde eu já trabalhara,e ela estava atendendo.As minhas colegas falaram com ela e ela mesma me ligou.Expliquei tudo o que tinha acontecido,ela disse que ligaria para seus colegas no hospital e depois me ligaria de volta.Assim ela fez.Mas,as notícias não eram boas.Melhor não alimentarmos esperanças,somente um milagre o salvaria!
Não lembro de ter chorado tanto antes daquele dia.Minha filha,meu neto...não havia nada que eu pudesse fazer!!
Assim, passaram-se a quinta,a sexta,o sábado... e o domingo chegou.Eu ia pela manhã para o hospital e voltava à noite.No domingo,fui mais tarde.Decidi que faria um almoço exatamente como a Xênia gosta e que almoçaríamos juntas! Ela ficou tão contente!
Minha bonequinha estava passando por momentos terríveis.Nem havia se recuperado de um parto difícil...
À tarde,os avós poderiam visitar seus netos.Uma parte de mim queria ver o Arthur;a outra,queria fugir de lá!Pedi aos deuses que a Xênia não percebesse o tempo passar,que esquecesse o horário das visitas...Mas,então,ela apareceu.E,de longe me chamava :-" Mãe,tu não vais entrar? O Arthur está te chamando! Outras avós já entraram...ele está te esperando..."Eu não queria e não podia chorar.Não na frente dela.E ,entrei no hospital,fui em direção à UTI...
Meu gurizinho...tão pequenino!Somente quem já passou por este momento...Não existe dor maior! Eu não podia tocá-lo;ele não podia me ouvir...Jamais me senti tão inútil,tão desvalida...A coisinha mais cara da minha vida ali,talvez...e eu não podia fazer nada.Só esperar!Eu queria sair correndo dali,no momento mesmo em que o vi;mas,não conseguia me mexer!Não conseguia pensar.E clamei Pelos Mestres Ascencionados,por Mestre Nada...era tudo o que eu conseguia organizar dentro de mim...
A outra vó do Arthur chegou.Então,eu saí!
À noite,neste mesmo dia,o Arthur teve uma convulsão.Até aí,ele continuava entubado.Mas,a partir de então,começou a respirar sozinho! Não sabemos a relação,não sabemos porquê,pra variar!
Na segunda-feira,ele estava sendo considerado estável.Respirava sozinho,o que já era um milagre.Mas,seria transferido para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Os Três Primeiros Dias


Jamais senti uma alegria tão grande! Nada,absolutamente nada,seria suficiente para explicar tanta felicidade! Conhecê-lo,mesmo através daquele vidro...Esqueci que existia um vidro e bati com a testa nele!!

Tentava ligar pra todo mundo.Não acertava as teclas do celular,não encontrava nem a agenda!

Aos poucos,ia chegando mais gente.Mas,eu queria ver minha filha!Quando avisaram que a estavam trazendo,e ao Arthur,disseram que poderia entrar na ala intermediária para vê-la.Somente eu! E o tal intermediário encheu de gente! Eu não aguentei.Meu bebê-menina,tão pálida,com outro bebê sobre seu corpo...Saí para chorar!Não era tristeza,mas alguma coisa grande demais para explicar.Depois,no quarto,a alegria continuava...

Todos foram embora.Eu fiquei.Somente à noite,saí.Na manhã seguinte,eu estava de volta.
Enquanto estávamos sozinhas,a Xênia dizia estar acontecendo alguma coisa errada com o Arthur.Ela dizia que ele não estava respirando direito e que não conseguia mamar! Tanto ela reclamou que o pediatra levou o Arthur para exames;trouxe-o de volta,dizendo que estava tudo bem;que o Arthur estava aprendendo a respirar ,a mamar,que depois ficaria tudo bem.
À noite,vem pra casa.Voltaria no dia seguinte.De repente,o telefone tocou.Era a Xênia,chorando muito,com o Arthur chorando também,e dizendo que se eu não fosse para a Maternidade,ela fugiria com o Arthur! Voltei no mesmo instante,claro.Conversamos e consegui acalmá-la.Ela voltou ao quarto,conversou com a enfermeira,que deu uma mamadeira para o Arthur,que dormiu,e a Xênia acabou dormindo também.Aquela noite,fiquei no hospital.sentia um medo inexplicável,pela minha filha e pelo meu neto.
No dia seguinte,eles tiveram alta.Mas,a Xênia continuava insistindo que havia alguma coisa errada com o Arthur.Mas,embora nós duas concordássemos,o pediatra dizia que estava tudo bem.Eu achava estranho que ele não se aquecia,me parecia frio demais!
À noitinha,chegamos em casa.A noite passou.E o dia amanheceu.


O Nascimento


Passamos a madrugada na Maternidade.Ela ,lá dentro;eu e o Rafael nos entupindo de café,do lado de fora!Mais tarde,chamaram o Rafael para ficar com a Xênia.Mas,não fiquei sozinha,não!Amigos estavam chegando e minha mãe também.
O tempo passando cada vez mais lento.
Me chamaram para avisar que fariam uma cesariana ,em meia hora! Aí,eu fiquei preocupada! Mas,o Arthur não gostou da história,eu acho.Nasceu antes!! Às 10:55 hs. do dia 11 de fevereiro de 2008,nasceu o meu pequeno rei Arthur!!Com 2,980 Kg., 49 cm.,Apgar 9 e 10.
E,assim,me tornei avó!

A Espera


Cada minuto de cada dia passaram a existir em torno daquela barriga,onde estava aninhado meu neto.A Xênia queria uma menina,eu sabia que era um menino.Não que eu tivese alguma preferência,simplesmente sabia.E a Eco confirmou : -Arthur!!
E fevereiro chegou! E os ponteiros do relógio tornaram-se mais lentos!
Em uma madrugada chuvosa (sempre na madrugada!),correria :- É agora! É mais tarde ! Vamos logo! E o carro ,simplesmente,parou no caminho!Foi só um susto,para aumentar o suspense!
Chegamos à Maternidade.Mais espera... Ela vai ficar!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A gravidez


Ela não acreditou,claro!Mas,eu sabia que teria um neto.Um lindo menino me tornaria avó!!
O futuro tão cheio de surpresas...É tão simples!Nada,no entanto,é tão simples quanto parece.
E a espera,tão doce e tão cheia de ansiedade e planos,começou.
De repente,nenhum outro assunto parecia tão interessante quanto aqueles dias,um após o outro...Meu bebê ,com olhar de menina num corpo de mulher,participando do maior milagre da vida.Sua barriga crescendo...Todas as grávidas são lindas.A minha filha,a mais linda de todas!
Conversávamos com o Arthur.
-"Arthur,vovó te ama!"
E,de repente,numa madrugada de fevereiro (sempre na madrugada!),correria,chuva,ma -
ternidade e uma espera sem fim!
A madrugada mais longa de minha vida...Eu ainda não sabia que era apenas a primeira!
Vieram nos avisar de que teriam que fazer uma cesariana.Já estava tudo preparado.Agora,
eu estava realmente preocupada.Mas,o Arthur nasceu antes da cesária!!Às 10:55 hs. do dia 11
de fevereiro de 2008,tornei-me avó!!
Acho que não me comportei como uma "avó" normal,não! Até o guarda da Maternidade
ganhou um abraço meu!!!

sábado, 6 de junho de 2009

Meu neto,minha eternidade...

A eternidade da vida começa,muitas vezes,bem diante de nossos olhos.
Ao darmos à luz ,nosso primeiro filho,pensamos não existir amor maior neste mundo...podemos ter o segundo e o terceiro,a sensação é a mesma.
O tempo passa.
Nossos bebês já não cabem mais no aconchego do nosso colo.Cresceram.Tornaram-se adultos.
Um dia,olho pra ela...que luz é aquela que circunda seu corpo de forma tão brilhante,que quase ofusca? Eu sei.Ela está grávida! Eu vou ser avó!
De repente,o mundo inteiro muda de cor.